quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Cultura Organizacional



ÍNDICE                                                                                                              PÁGINA

INTRODUÇÃO

O Trabalho que se apresenta em diante irá debruçar-se acerca da Cultura Organizacional, e é realizado no âmbito do Certificado Profissional em Administração Pública, Módulo de Desenvolvimento Organizacional.

A cultura organizacional, é o conjunto de hábitos e crenças estabelecidos através de normas, valores, atitudes e expectativas compartilhados por todos os membros da organização. Ela refere-se ao sistema de significados compartilhados por todos os membros e que distingue uma organização das demais. Constitui o modo institucionalizado de pensar e agir que existe em uma organização. A essência da cultura de uma organização é expressa pela maneira como ela faz seus negócios, a maneira como ela trata seus clientes e funcionários, o grau de autonomia ou liberdade que existe em suas unidades ou escritórios e o grau de lealdade expresso por seus funcionários com relação à empresa. A cultura organizacional representa as percepções dos dirigentes e funcionários da organização e reflecte a mentalidade que predomina na organização. Por esta razão, ela condiciona a administração das pessoas. 

A Cultura organizacional envolve artefactos (padrões de comportamento), valores compartilhados (crenças) e pressupostos (valores, verdades). Também pode conter componentes visíveis, que são sempre orientados pelos aspectos organizacionais. Outro sim, a cultura influencia todos os membros dessa organização como directrizes e premissas para guiar seus comportamentos e mentalidades.

Para a realização do trabalho, foi consultado diverso material doutrinário, cuja referência foi indicada, com destaque para a obra do Professor Idalberto Chiavenato que aborda de forma exaustiva o tema proposto. A estrutura irá seguir a seguinte sequência: Capítulo I, são apresentados os objectivos, a metodologia e a relevância do tema, no Capítulo II, os conceitos sobre, organização, cultura, cultura organizacional e clima organizacional, no Capítulo III, Perspectivas Sobre a Formação do clima organizacional, cultura organizacional e os seus elementos e modelos culturais nas organizações, Capítulo IV, a criação e manutenção da cultura organizacional, a cultura organizacional no sector público  na parte final a conclusão do trabalho.



CAPÍTULO I

1.1 OBJECTIVOS

1.1.1. Objectivo geral

Ø  Analisar a Cultura Organização no Contexto da Administração Pública.

1.1.2. Objectivos específicos

Ø  Descrever as perspectivas sobre a formação do clima organizacional;
Ø  Apresentar os elementos da cultura organizacional;
Ø  Indicar os Modelos de cultura organizacional sugeridos pelos autores;
Ø  Caracterizar a cultura organizacional no sector público

1.2  METODOLOGIA

  • Foram consultadas diversas fontes bibliográficas, a fim de buscar suportes teóricos, cujas referências indica-se na parte final do trabalho;
  • Após a recolha bibliográfica, foi feita a análise dos conteúdos, fazendo alguns apanhados que serviram para as compilações preliminares.
  • Das compilações preliminares foi produzida uma versão da qual resultou este trabalho.

1.3 RELEVÂNCIA DO TEMA

O tema cultura organizacional revela-se importante, tendo em conta a dinâmica das organizações modernas num mundo em transformações. No que concerne a Administração Pública, tida como resistente as mudanças que ocorrem no seu seio, torna-se inevitável apresentar soluções mas adequadas que ajudem os agentes públicos a adoptarem métodos de gestão que conduzam a uma melhor prestação de serviços, pelo que como um tema proposto, serão apresentadas propostas de modelos de cultura organizacionais que se ajustem a realidade de cada uma das organizações nacionais.
 

CAPÍTULO II

2.2. CONCEITOS

2.2.1 Organização

Chiavenato (1997:23), afirma que a organização “é um sistema[1] de actividades conscientemente coordenadas de duas ou mais pessoas”, sendo que se torna fundamental a existência de cooperação entre elas para que exista a organização.

2.2.2 Clima Organizacional

Chiavenato (1997), afirma que é o ambiente humano dentro do qual as pessoas de uma organização fazem o seu trabalho. Constitui a qualidade ou propriedade do ambiente organizacional que é percebida ou experimentada pelos participantes da empresa e que influencia o seu comportamento.

2.2.3  Cultura

Para, Hoebel & Frost (2006:4) cultura é o sistema integrado de padrões de comportamento aprendidos, os quais são característicos dos membros de uma sociedade e não o resultado da herança biológica. A cultura não é geneticamente predeterminada, é não instintiva. É o resultado da invenção social e é transmitida e aprendida somente através da comunicação e aprendizagem.
 Para Laraia (1986:28) citando Tylor (1871), cultura é todo o comportamento aprendido, tudo que independe de uma transmissão genética.

2.2.4 Cultura Organizacional

Segundo Wagner III & Hollembeck (2002:367) a cultura de uma organização, portanto, é uma maneira informal e compartilhada de perceber a vida e a participação na organização, que mantêm os seus membros unidos e influencia o que pensam sobre si mesmos e seu trabalho.
Robbins, 2002: 498, afirma que a cultura organizacional é um sistema de valores, compartilhado pelos membros, de uma organização e que a defere de uma para outra.
Para (Chiavenato, 2003:122), sem contrariar os anteriores autores citados, é o conjunto de hábitos e crenças estabelecidas através de normas, valores, atitudes e expectativas compartilhados por todos os membros da organização.

CAPÍTULO III

3.1. PERSPECTIVAS SOBRE A FORMAÇÃO DO CLIMA ORGANIZACIONAL


Segundo Moram e Volkwein (1992), citado por Ferreira, ett all (1996) a formação do conceito de clima organizacional pode abordar-se a partir de quatro perspectivas: Estrutural, Perceptiva, Interaccionista e Cultural.

3.1.1  Perspectiva Estrutural 

Segundo esta perspectiva o clima é visto, como um conjunto de características que descrevem objectivamente uma organização e a distinguem de outra organização. São relativamente estáveis no tempo e influenciam o comportamento dos indivíduos na organização.

3.1.2  Perspectiva Perceptiva ou Psicológica

Esta perspectiva situa a origem do clima no individuo que percebe. Este reage as variáveis situacionais que encontra, de acordo com o modo como as percepciona e interpreta ou seja na base do que psicologicamente significam para ele.

3.1.3  Perspectiva Interaccionista

Segundo a teoria de Lewin, citado por Ferreira et all (1996), a qual postula o impacto conjunto do meio ambiente e da personalidade do individuo na determinação do seu comportamento, esta perspectiva situa a origem do clima na interacção dos indivíduos como resposta as características, assumindo um importante papel quer o processo comunicacional quer o acordo perceptivo.

3.1.4  Perspectiva Cultural

Nesta perspectiva o clima é criado por um grupo de indivíduos que interage e que partilham uma estrutura comum de referência: a cultura organizacional, a qual influencia a percepção das características organizacionais. Esta perspectiva substitui a percepção individual como a origem do clima pela interacção dos membros organizacionais, o que de resto já se observa na perspectiva interaccionista.

  

3.2. CULTURA ORGANIZACIONAL E OS SEUS ELEMENTOS


Segundo, Wagner III & Hollembeck (2002:367), A cultura de uma organização serve como uma fonte de significados comuns para explicar porque as coisas acontecem de modo como acontecem, desempenha dando as seguintes quatro funções básicas:

Dar aos membros uma identidade organizacional, compartilhar normas, valores e percepções, proporciona  às pessoas um sentido de união que ajuda a promover um sentimento de propósito comum.

Facilitar o compromisso colectivo, o propósito comum que se desenvolve a partir de uma cultura compartilhada tende a suscitar um sólido compromisso em todos aqueles que aceitam a cultura como a sua própria.

Promover a estabilidade organizacional, ao nutrir um senso comum de identidade e compromisso, a cultura encoraja a permanente integração e cooperação entre membros de uma organização.

Molda o comportamento ao ajudar os membros a dar sentido a seus ambientes, a cultura de uma organização, serve como fonte de significados comuns para explicar porque as coisas acontecem do modo como acontecem.

3.2.1 – Elementos da Cultura Organizacional

Para Wagner III & Hollembeck (2002:367), no cerne da cultura de toda a organização existe um conjunto de normas, valores fundamentais que moldam os comportamentos dos membros e os ajudam a entender a organização.

Os autores avançam os seguintes elementos da cultura organizacional:

a)     Cerimónias: Eventos especiais nos quais os membros da organização celebram os mitos, heróis e símbolos da empresa.

Ex: cerimónias anuais para reconhecer e premiar membros que se destacam no trabalho.

b)     Ritos: Actividades cerimoniais destinadas a comunicar ideias específicas ou a realizar determinados propósitos[2].
Ex:Os ritos de passagem, são usados para iniciar os novos membros e podem transmitir-lhes importantes aspectos culturais. Em certas organizações, exige-se que os novatos passem um tempo considerável conversando com funcionários veteranos para aprenderem as normas e valores culturais nas histórias que estes contam sobre suas experiências no trabalho. Em outras empresas o rito de passagem, é apenas uma conversa breve sobre as regras e regulamentos da organização, entregues aos recém-chegados por um membro do pessoal de recursos humanos durante o primeiro dia de trabalho, é pouco mais que uma saudação formal de boas-vindas e realmente não ajuda os recém-chegados a aprenderem muita coisa sobre a cultura da organização.

Ritos de degradação, podem chamar a atenção dos demais para os limites do comportamento aceitável, actualmente não se costuma enfatizar muito este tipo de ritos que envolvem pouco mais que uma discreta transferência, mas houve épocas que era muito dramático, por exemplo os executivos ficavam a saber que tinham perdido emprego quando viam suas secretárias queimadas no relvado em frente à sede da empresa.

Os ritos de reforço, também enfatizam os limites do comportamento apropriado, mas de um modo positivo. Reconhecem o aumento de status ou a promoção a um novo posto numa empresa.

Ritos de integração, concedem aos membros de uma organização a oportunidade de para expressarem e compartilharem sentimentos comuns que os mantêm unidos, geralmente ignoram-se os títulos oficiais e diferenças de hierarquia, para permitir que os membros se possam conhecer como pessoas e não como gerentes, especialistas ou operários, etc. Os piqueniques, churrascos, jogos de futebol e festas que antecipam os feriados, podem funcionar como ritos de integração.

c)     Rituais: Acções regularmente repetidas para reforçar normas e valores culturais[3];
Um rito regularmente repetido se converte em ritual, um evento cerimonial que constantemente reforça normas e valores fundamentais.
Ex: O café da manhã é um ritual que fortalece importantes relações no local de trabalho.
                       
d)     Histórias: Relatos de eventos passados que ilustram e transmitem normas e valores culturais mais profundos;
Geralmente as histórias são conhecidas por todos os funcionários. Em uma organização, os funcionários contam uma história sobre como a companhia evitou uma demissão em massa quando quase todas as outras empresas do sector viram-se obrigadas a demitir grandes contingentes de funcionários.
  Mitos: Histórias imaginárias que ajudam a explicarem actividades ou eventos que de outro modo poderiam ser confusos[4].
Um mito é um tipo especial de história que fornece uma explicação imaginária, porém provável, para um evento ou coisa que de outro modo poderia parecer enigmática ou misteriosa. Os membros de uma organização por vezes desenvolvem relatos ficcionados sobre os fundadores, as origens ou o desenvolvimento histórico da companhia para fornecer uma estrutura de explicações das actividades actuais de uma empresa. Na verdade, em muitos casos, os mitos de uma organização possuem uma pontinha de verdade.

e)     Heróis: As pessoas de sucesso que corporificam os valores e o carácter da organização e de sua cultura;
Os heróis fornecem exemplos concretos que tornam imediatamente transparentes as normas e os valores que norteiam a organização.
f)      Símbolos: Objectos, acções ou eventos dotados de significados especiais e que permitem aos membros da organização trocarem ideias complexas e mensagens emocionais;
Ex.: logótipos de empresas, bandeiras e marcas comerciais.
g)     Linguagem: um conjunto de símbolos verbais que geralmente reflecte a cultura particular da organização.

Ex: em muitas organizações, a linguagem utilizada pelos membros é, em si mesma, um reflexo da cultura particular à organização.

3.2.2 Características das Culturas Organizacionais


Segundo Pina & Cunha (2006:638), as culturas organizacionais apresentam as seguintes características:

Regularidade Nacional: As organizações de um país tendem a ser mais parecidas entre si do que com as organizações de outros países. As culturas organizacionais são dotadas, no quadro de um dado país, de algumas semelhanças e regularidades que as diferenciam das organizações de outros países. A evidência da regularidade nacional, sugere que cada organização deve procurar conhecer e provavelmente articular as características da sua cultura com os valores da cultura nacional em que se insere.

Influência Histórica: A regularidade nacional deve-se em parte a uma vivência histórica comum, a cultura de uma nação não pode ser dissociada da influência histórica que sofreu, embora os gestores genericamente possam traçar os contornos da cultura da empresa, a forma por ela assumida resulta em grande parte da sedimentação dos comportamentos de trabalho e das interacções entre membros organizacionais. A organização pode tentar desenhar uma determinada cultura, mas o modo como essa cultura é passada à prática não deixa de conter marcas emergentes, ou seja, vai sendo construída ao longo do tempo, pelas práticas, padrões de interacção e jogos dos actores.

Alcance Colectivo: A cultura organizacional é constituída por valores e normas socialmente aceites e que resultam das interacções estabelecidas pelos indivíduos ao longo do tempo. Esses valores e normas indicam às pessoas o que é e o que não é desejável na organização. Da aceitação e partilha destas normas decorrem a previsibilidade e a regularidade comportamentais, que são condições fundamentais para a coordenação e a previsibilidade do sistema organizacional.

Carácter Dinâmico: Afirmar que a cultura organizacional é dotada de um carácter dinâmico não é o mesmo que dizer que muda facilmente ou ao sabor das conveniências da gestão de topo. Significa, antes, que não é estática mas receptiva e aberta à mudança, que não se muda facilmente mas que não é eterna, que os valores evoluem à medida que se alteram as sociedades e as condições de vida.

As sociedades e as organizações mudam e com elas os valores e as normas. Por exemplo, a cultura de uma sociedade pode evoluir pela exposição a outras culturas, assim “arrastando” as culturas das organizações. Caso de Hong Kong que combina a cultura chinesa com a ocidental.

Aprendizagem Pelos Membros Organizacionais: As culturas são aprendidas a medida em que   são interiorizadas pelos membros organizacionais através da experiência, da participação, da interacção social e da exposição às práticas organizacionais. O processo de socialização e as pressões para a conformidade vão estimulando os membros da organização a “vestir” a “camisola” e vão-lhes ensinando as maneiras correctas de agir na organização. Por regra, que não adere é socialmente segregado, a não ser que detenha o poder e a coragem suficiente para imprimir mudanças e alterar o quadro “genético-cultural” da organização.

Partilha de Crenças, Valores, Assunções: O processo de aprendizagem, conduz à partilha, pelo colectivo, de um conjunto de pressupostos, valores, normas, etc. Embora alguns membros possam influenciar mais do que outros, a cultura de uma organização (o líder fundador), aquilo que caracteriza a cultura é justamente o facto de ser um fenómeno socialmente construído, partilhado e, em forte medida emergente.

3.3. MODELOS CULTURAIS NAS ORGANIZAÇÕES

Na dinâmica social de uma organização, a descrição dos elementos que constituem o perfil da cultura, a forma como eles funcionam e as mudanças comportamentais que eles provocam são as maneiras de dar ao assunto uma forma mais fácil de compreensão. No entanto, a dificuldade de consenso na descrição da cultura nas organizações é tão notória que alguns pesquisadores têm privilegiado diferentes aspectos da questão. Um desses aspectos é abordado por Handy (1994), que, em uma das mais competentes tentativas de análise e explicação do comportamento organizacional, utilizou uma forma peculiar de definir a cultura das organizações.

Para o autor, a cultura organizacional está dividida em duas situações: ponto de vista da empresa e ponto de vista das pessoas que trabalham nessa empresa. Ademais, o autor afirma que existem quatro tipos de “cultura-organização”, assim como os Deuses da Grécia Antiga, que simbolizam as filosofias de administração, tais como: Organização-Zeus (cultura de clube), Organização-Apolo (cultura de função), Organização-Atena (cultura de tarefa) e Organização-Dionísio (cultura existencial).

É importante ressaltar que, através da análise desses modelos culturais, algumas pesquisas foram realizadas e acabaram por validar a proposta de Handy (1994), como, por exemplo, os estudos desenvolvidos por Freitas (1991), Chatman (1989) e Gomide Júnior e Martins (1997).

3.3.1 Cultura Zeus

Segundo Handy (1994), a cultura Zeus ou cultura de clube tem uma característica centralizadora marcante, com um processo de tomada de decisões que é muito rápido e que transcende facilmente os padrões estabelecidos, além de que utiliza pouca documentação e depende de redes de amizades, que podem parecer fechadas e nepotistas. Nessa cultura, o aprendizado geralmente é secreto, os membros aprendem com erros e tentativas e o que conta é o controle dos recursos e o carisma pessoal, além do poder financeiro ser altamente valorizado pelos indivíduos. Nas pequenas empresas familiares em geral, esse perfil fica bem evidente.

3.3.2  Cultura Apolo

Handy (1994) preconiza que a cultura Apolo ou cultura de função assume que o homem é racional e que tudo pode ser analisado de maneira lógica (método burocrático). Essa cultura se vale de que o dia de amanhã será igual ao hoje e ao ontem, seus membros não se adaptam facilmente a mudanças e há pouco incentivo à criatividade. Para a organização Apolo, não importa quem são os indivíduos, e sim a garantia de que as funções sejam desempenhadas para manter todo o sistema organizacional em funcionamento. Em geral, organizações do sector público apresentam essas características.

3.3.3 Cultura Atena

Na cultura Atena, os indivíduos se preocupam com a solução contínua e bem sucedida de problemas. Nessa cultura, a organização é dinâmica (em constante adaptação), seus membros gostam de desafios e procuram respostas às incertezas. Handy (1994, p. 28) enfatiza que “as organizações dessa natureza têm altos custos”, pois, na resolução de problemas, é quase inevitável o erro nas primeiras tentativas e, mesmo que a solução seja alcançada rapidamente, o dispêndio será expressivo. Um exemplo disso está nas empresas do sector tecnológico, que fazem altos investimentos em pesquisa e desenvolvimento a fim de buscar soluções inteligentes e novos produtos, o que acaba por fomentar uma gestão moderna, com base em um perspectiva de organização que aprende.

3.3.4 Cultura Dionísio

A cultura Dionísio parte do princípio de que a organização existe para auxiliar o indivíduo a realizar seus objectivos. Essa cultura é óptima onde o recurso principal de uma organização é o talento, a habilidade ou a competência de um membro e/ou sua equipe. Na organização de Dionísio, os indivíduos não estão interessados em fazer carreira, e sim obter novas experiências e desafios e satisfazer seus desejos. Conforme Handy (1994), a profissão vem em primeiro lugar em uma organização Dionísio. As organizações formadas por profissionais autónomos representam bem as características dessa cultura, onde o foco do negócio está na prestação de serviços em que o profissional é especialista, como escritórios de consultoria, advocacia, consultórios médicos etc.

 

CAPITULO IV

4.1. CRIAÇÃO E MANUTENÇÃO DA CULTURA ORGANIZACIONAL

Segundo Robbins (2002: 506) os costumes, as tradições e a maneira geral de fazer as coisas em uma organização dependem muito do que foi feito antes e do grau de sucesso então alcançado. Os fundadores de uma empresa tradicional são responsáveis pelo principal impacto sobre a cultura dessa organização.

O processo de criação de uma cultura ocorre de três maneiras. Primeiro, os fundadores só contratam e mantêm funcionários que pensem e sintam as coisas da mesma forma que eles. Segundo, eles doutrinam e socializam esses funcionários de acordo com sua forma de pensar e sentir. Finalmente, o comportamento dos fundadores age como um modelo, encorajando os funcionários a se identificarem com ele e, dessa forma, introjetando seus valores, convicções e premissas.

Ainda de acordo com o autor a cima (2002: 507) depois que uma cultura foi estabelecida, existem práticas dentro da organização que visam a mantê-la, dando aos funcionários um conjunto de experiencias similares.
Três forças têm um papel particularmente importante na manutenção da cultura: as práticas de selecção, as acções dos dirigentes e os métodos de socialização.
Selecção, o objectivo explícito do processo de selecção é identificar e contratar indivíduos que tenham o conhecimento, as habilidades e as capacidades necessários para o desempenho bem-sucedido das actividades dentro da organização. (Ibdem: 507)
Os dirigentes, as acções dos dirigentes também têm um grande impacto sobre a cultura organizacional. Pela sua maneira de se comportar, os altos executivos estabelecem normas que se espalham pela organização, sobre aspectos como quais riscos devem ser assumidos, quanta liberdade deve ser concedida aos funcionários, qual a forma correcta de se vestir, quais acções podem reverter em recompensas, e assim por diante. (Idem:508)
Socialização independentemente da qualidade do processo de recrutamento e selecção, os novos funcionários ainda não está totalmente doutrinada sobre a cultura organizacional assim que começam. O pior, contudo, é que, por não estarem ainda familiarizados com a cultura, eles podem criar problemas em relação às convicções e costumas vigentes na empresa. A organização precisa, por isso, ajudá-los a se adaptar à nova cultura. Esse processo de adaptação é chamado de socialização. (Idem: 509)
O Estagio de pré-chegada reconhece explicitamente que cada indivíduo chega com um conjunto de valores, atitudes e expectativas. Isso se refere tanto ao trabalho a ser feito como á organização. No processo de socialização, o período de aprendizagem que acontece antes que o novo funcionário entre para organização. (Idem: 509)

4.2. CULTURA ORGANIZACIONAL NO SECTOR PÚBLICO

Segundo Pires e Macedo (2006), a cultura da maioria das organizações públicas, leva essas organizações a burocracias tradicionais que, além de terem-se tornado complexas, com atributos centralizadores e estruturas rígidas, não têm sido planificadas para o atendimento das necessidades dos cidadãos, ou para a efectiva eficácia na prestação dos serviços.

Meirelles (1998 apud PINHEIRO, 2000) afirma que o sistema burocrático presente na maioria das autarquias e fundações públicas preocupa-se principalmente em fazer valer um modelo de gestão voltado à eficiência, isto é, o foco do sistema estaria apenas na obrigação de que o agente público tem em realizar suas atribuições com, racionalidade, economicidade e rendimento funcional.
Já as empresas públicas que actuam no mercado com a comercialização de produtos/serviços, ainda segundo o autor, são as poucas, no sector público, que fazem um uso maior de modelos de decisão voltados à avaliação da eficácia de sua gestão, ou seja, levam em conta a análise do resultado obtido dentro dos objectivos estipulados. Em vista disso,  Castor e José (1998) inferem que a história da Administração Pública é uma repetição monótona da luta da burocracia ritualista, centralizadora, ineficaz e adversa a mudanças contra as correntes modernizastes das alas política e empresarial.
Isso fica evidente quando Guimarães (2000) afirma que o desafio que se coloca frente às organizações públicas é o de transformar estruturas burocráticas, hierarquizadas e inclinadas a um processo de isolamento em organizações flexíveis e empreendedoras. Por isso, ainda segundo o autor, o delineamento do perfil cultural de um órgão público poderia contribuir muito para um diagnóstico do ambiente de trabalho e do desempenho organizacional, com vistas à melhoria da qualidade do produto/serviço oferecido.

4.3. ADMINISTRAR A CULTURA ORGANIZACIONAL

Segundo Wagner III & Hollembeck (2002:373), sugere a administração simbólica, onde os gerentes tentam influenciar normas e valores culturais enraizados modelando elementos culturais superficiais, como símbolos, histórias e cerimónias que as pessoas utilizam para expressar e transmitir acordos culturais. Existem várias maneiras pelas quais os gerentes podem realizar esse tipo de modelagem. Podem emitir declarações públicas, sobre a sua visão, para o futuro da companhia, podem relatar casos ocorridos consigo mesmos e com a companhia, podem adoptar e enriquecer a linguagem comum da companhia. Desse modo os gerentes não só comunicam as normas centrais e valores fundamentais da companhia, mas dividem novas maneiras de se expressar. Outra forma de administrar a cultura de uma organização é usar intervenções de desenvolvimento organizacional (DO), que significa adoptar os seguintes passos:

a)     Identificar normas e valores correntes, via de regra, as DO pendem que as pessoas listem as normas e valores que influenciam  suas atitudes e comportamentos no trabalho; Esse tipo de lista fornece aos membros um vislumbre da cultura da organização.
b)     Traçar novas directrizes: As intervenções de DO geralmente possibilitam que os membros de uma organização avaliem as actuais metas pessoais, grupais e organizacionais e considerem se essas metas representam os objectivos que eles realmente desejam alcançar. Esse tipo de avaliação, geralmente demonstra a necessidade de traçar novas directrizes;
c)     Identificar novas normas e valores: As intervenções DO que estimulam a reflexão sobre novas directrizes também proporcionam aos membros da organização a oportunidade de desenvolver novas normas e valores que promovam um passo adiante rumo a novas metas;
d)     Identificar desfasamentos culturais: na medida em que as normas e valores actuais (passo 1) e desejados (passo 3) sejam articulados, o processo de desenvolvimento organizacional permite aos membros da organização identificarem o desfasamento cultural e as diferenças entre a situação corrente e a situação desejada;

e)     Preencher os Desfasamentos Culturais, o DO proporciona às pessoas a oportunidade de forjar acordos no sentido de que novas normas e valores substituem as velhas e que todo funcionário assuma responsabilidade pela gestão e reforço dessas mudanças.

Quando as pessoas adoptam comportamentos coerentes com as novas normas e valores desenvolvidos em uma intervenção DO, reduzem a desfasagem cultural e, com efeito, mudam a cultura da organização.


5. CONCLUSÃO


Do trabalho apresentado, pode se concluir que a  Administração de Recursos Humanos,  cuidando da parte referente ao desenvolvimento das pessoas que pertencem à organização, ela deve preocupar-se muito com a cultura organizacional, pois como foi referido, a cultura organizacional  é uma maneira compartilhada de perceber a vida e a participação na organização, que mantêm os seus membros unidos e influencia o que pensam sobre si mesmos e seu trabalho. O mundo do trabalho actualmente passa por profundas transformações. Temáticas como a globalização, flexibilização, competitividade e novas formas de organização do trabalho têm lugar garantido nas análises daqueles que actuam ou estudam as organizações. Na fase denominada terceira Revolução Industrial, as pessoas que actuam nas organizações passam a ser fonte de maior interesse, pois, conforme assinalam alguns autores, são os colaboradores que possibilitam a vantagem competitiva nas organizações. Essas transformações geram um ambiente complexo, marcado pelos avanços tecnológicos e científicos, mudanças de conceito, de valores e quebra de paradigmas que norteiam todos os segmentos da sociedade.

O Sector Público deve abandonar o modelo de cultura Apolo indicado pelo autor citado, como sendo aquele em que a cultura se vale de que o dia de amanhã será igual ao hoje e ao ontem, seus membros não se adaptam facilmente a mudanças e há pouco incentivo à criatividade. Para a organização Apolo, não importa quem são os indivíduos, e sim a garantia de que as funções sejam desempenhadas para manter todo o sistema organizacional em funcionamento. Deve adoptar modelos mais modernos como a Cultura Atena ou cultura de tarefa, que se caracteriza pela eficácia nas tarefas (foco em resultados), preocupação com a satisfação e relacionamento pessoal, estímulo ao empreendedorismo, flexibilidade de decisões e criatividade. Concluiu-se ainda que a ARH é um processo contingencial e situacional, no sentido de que a mesma depende da cultura que existe em cada organização, depende ainda da estrutura organizacional adoptada e das características internas, das suas funções e processos e de um sem número de outras variáveis importantes.





7. BIBLIOGRAFIA


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GUIMARÃES, T. A. A (2000),  Nova Administração Pública e a Abordagem da
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ROBBINS, Stephenp. (2002)  Comportamento Organizacional”. São Paulo. 9ª Edição.
         Editora Pearson Prentice Hall.




[1] O autor define sistema como um conjunto de elementos dinamicamente relacionados que desenvolvem uma actividade para atingir determinados objectivos ou propósitos. Todo o sistema opera sobre matéria, energia ou informação obtidas do ambiente que constituem os insumos ou entradas (inputs), de recursos necessários para que o sistema possa operar. Estes recursos são processados pelas diversas partes do sistema (subsistema) e transformados em saídas ou resultados (outputs) para serem devolvidos ao ambiente
[2] O rito é o modo de se pôr em ação o mito na vida do homem - em cerimônias, danças, orações e sacrifícios.
[3] inclui a concordância com obrigações religiosas ou ideais, satisfação de necessidades espirituais ou emocionais dos praticantes, fortalecimento de laços sociais, demonstração de respeito ou submissão, estabelecendo afiliação, obtenção de aceitação social ou aprovação para certo evento
[4] é uma narrativa de caráter simbólico-imagético, relacionada a uma dada cultura, que procura explicar e demonstrar, por meio da acção e do modo de ser das personagens, a origem das coisas (do mundo; dos homens; dos animais; das doenças; dos objectos; das práticas de caça, pesca, medicina entre outros; do amor; do ódio; da mentira e das relações, seja entre homens e homens, homens e mulheres e mulheres e mulheres, humanos e animais; enfim, de qualquer coisa fantasiosa que seja)

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